9 de novembro de 2007

Simplesmente pai!


Para mim uma criança é um ser maravilhoso, que deve crescer em liberdade, respeitar o seu semelhante e ser feliz. Para mim, a responsabilidade dos pais é fazer com que isso aconteça.
Exigir a um pai que assista passivamente a uma qualquer agressão, seja física ou verbal, a um filho seu... é demitir esse pai de todas as suas responsabilidades. Tenha a criança dois meses, dois anos ou doze anos.
Como deve reagir um adulto à violência das crianças umas para com as outras? Julgo que deve repreendê-las. Então porque razão não pode o pai do ofendido repreender o ofensor? Só porque é pai da parte ofendida? Sendo pai da parte ofendida e tendo, inclusive, assistido à ofensa in locco, julgo que tem todo o dever de interferir... nos limites do razoável, pois claro. É isso que um filho espera do pai, que o proteja. Poderão dizer-me que o pai não vai estar lá para proteger a sua prole 24 horas por dia. É verdade... mas quando está deve fazê-lo. E quando não está deve tomar todas as medidas necessárias para que isso aconteça! Ou não é exactamente isso que se espera dos pais?
Caso encolhesse os ombros e nada fizesse, estaria a passar uma mensagem muito errada às duas crianças: a de que temos de ser espectadores passivos da vida e de que quem prevarica sai sempre por cima!
Dizer "Ai ele ofendeu-te/bateu-te? Então ofende-o/bate-lhe tu também!"... seria igualmente desastroso. Incentivar sentimentos de revolta e de "olho por olho, dente por dente" nunca deu bons resultados. Ou deu?
Pedir explicações ao ofensor e informar os seus educadores do sucedido é até a atitude mais racional. É a atitude de alguém que se sente ofendido nas suas entranhas mas consegue não perder a cabeça e tenta agir de forma coerente.
Ser pai não é fácil, especialmente quando se é figura pública e quando se vive numa sociedade em que não é politicamente correcto repreender as crianças quando estas são mal-educadas. Como se não fosse exactamente esse o papel do educador!

8 comentários:

cati disse...

O que o sr. Mourinho conseguiu foi expiar a sua própria frustação, porque em termos pedagógicos conseguiu zero! É minha crença pessoal - e felizmente não sou a única a pensar assim - que só disciplina que dá amor também. Caso fosse a intenção dele disciplinar, que eu duvido, a sua intenção caiu em saco roto.Por dois motivos. Primeiro: O crianço que levou o ralhete vai fazer ainda pior, pq é humano e ainda mais habitual nas crianças, que se um desconhecido te diz, só pq lhe apetece, pra agires assim, tu fazes o contrário. Segundo: A filha do treinador em vez de ter aproveitado o episódio pra crescer e para saber lidar com as situações normais da vida, aprendeu que tem sempre lá o paizinho pra resolver os problemas dela. Crianças assim correm sérios riscos de se tornarem adultos insuportáveis, que vivem à sombra dos outros e que não assumem responsabilidade pelos seus actos, etc. "- Ai o professor X disse que tu eras uma mal educada e insolente, deixa-me cá ir já falar com o director do colégio que isto não pode ficar assim, ninguém diz mal de um filho do Mourinho sem sofrer consequências..."
Resumindo, só os educadores do rapazito prevaricador que chamou feiosa à filha do Mourinho - os professores ou os pais - têm o dever de o chamarem à atenção se acharem relevante chamar.
Se é normal um pai agir assim qdo ameaçam a prole, sim, mas pedagógico não é concerteza! Mas isso também depende muito do tipo de adultos queremos que os nossos filhos sejam.

Menina da Aldeia disse...

O que o Sr. Mourinho fez foi chamar o rapazola à atenção de que aquilo não são modos de falar e pedir-lhe o contacto dos pais para tomar medidas no sentido daquilo que a Sra. Brito defende: alertar os educadores do "rapazito prevaricador" que ele chamou feiosa a uma colega da escola e deixar nas suas mãos de educadores a responsabilidade de darem uma boa educação ao filho.
Um Sr. Fernandes eventualmente acrescentaria umas blasfémias à conversa e mandava o tal mariola dar uma volta ao bilhar grande bem depressa antes que lhe conhecesse o mau feitio... depois dava um abraço à filha e dizia, "És linda!". Depois... não haveria qualquer notícia, porque o Sr. Fernandes nunca foi treinador de futebol tido por arrogante e porque as pessoas iam ver no acto dele um simples acto de um pai que defendeu a filha.
Lembra-te de uma coisa: ela não foi a casa chamar o pai, ele estava ali! Se fosse meu pai e encolhesse os ombros, com aquela idade pensava: Bolas, nem o meu pai me defende! Devo ser mesmo horrível!

cati disse...

O sr. Mourinho alegadamente deu uns safanões e uns puxões de orelha ao rapazola, facto pelo qual depois pediu desculpa formalmente ao colégio e aos pais da criança. Foi notícia porque se falou em estalos e pontapés, o que depois se veio a desmentir. Ou achas que uns estalos e pontapés a uma criança, mesmo dados por um sr. Fernandes não devia ser notícia?
Só acho que em vez dos safanões, uma denúncia do acontecido aos educadores da criança e um abraço à menina a dizer que ela é linda seria uma atitude bem mais responsável de um pai,

Menina da Aldeia disse...

A notícia esteve desde logo ferida de credibilidade pois os estalos e pontapés nunca ocorreram... logo nunca deveria ter havido notícia! Só houve porque foi o Mourinho. Ninguém se escandalizaria se fosse o Sr Fernandes a ir ter com o rapaz e a agarrá-lo por um braço ou uma orelha que fosse enquanto dizia algo como: "Ó meu malandro... achas bem isso que acabas de dizer? Dá-me cá o número dos teus pais que quero dar-lhes uma palavrinha sobre isto e já ais ver o que é bom para a tosse!"
Percebes? O Sr. Fernandes seria o Superpai... quanto ao Sr Mourinho, como se assume como super-treinador, mesmo que se tenham desmentido as tais agressões à criança vai ficar para a história como tendo agredido a criança. Só por ser quem é! E isso está mal.

cati disse...

Sim, está mal, mas nos colégios que eu conheço a atitude do Sr. Fernandes também está mal e seria repreendida, tal como foi a do Mourinho. Agarrar por um braço e puxar a orelha também é violência. Só os paizinhos da peste, por enquanto, é que o podem fazer, caso achem necessário.

Menina da Aldeia disse...

Estou a ver: A uma criança que tenha comportamentos incorrectos na escola - como sejam, por exemplo, cuspir para cima de outras pessoas, chamar nomes, dizer asneiras ou ignorar recomendações dos professores e auxiliares... já para não falar em agressões físicas - deve-se simplesmente pedir que se porte bem ou, em último caso, que se dirija ao conselho directivo... e espera-se que a criança faça isso!
Caso haja testemunhas dos tais actos da parte do rapaz nada devem fazer, ele que cuspa, ofenda ou agrida quem quiser até vir o director da escola e o mande estar quieto (AHAHAHA) ou o pai, que pela amostra do filho lhe deve dar muita educação. Os agredidos que aguentem, pois naquele menino ninguém toca! Nem mesmo para lhe agarrar o punho que está a ir contra o nariz do colega de turma!!!

Anónimo disse...

Bem, cara menina da aldeia e senhora Brito, peço desculpa por só agora entrar neste debate... estava ocupada com assuntos sérios... bem na verdade estava a comer castanhas e a beber jerupiga...hehehe
então aqui vai a minha opinião. Sou contra a violência sempre, inclusive, como forma de educação, no entanto, no caso do senhor Mourinho compreendo a atitude dele. Uma coisa era ele ter agredido o miudo a sério, outra foi o que ele fez. Qualquer pai que estivesse naquela situação faria o mesmo. Como diz o ditado, quem não se sente não é filho de boa gente! não é? Eu faria o mesmo se fosse com um filho meu, ou sobrinho, etc. A violência não é positiva, mas o facto de alguns putos rebeldes pensarem que estão impunes a tudo leva-os a criar estas situações...até a bater nos professores e serem mal educados. Afinal sabem que nada lhes acontecesse e os professores e os pais é que têm problemas. O ensino está como está e os professores não têm mãos nos alunos por causa da ideia que façam os meninos o que se fizerem ninguem tem autorização para lhes puxar uma orelha. Eu não critico o senhor Mourinho e apoio os comentários da Menina de Aldeia (seja ela quem for heheh)

cati disse...

oh Sra. Silva, fosse o seu filho pele vermelha admoestado publicamente por um pai enfurecido, por ter expressado a sua opinião estética relativamente a outrem, concerteza não teria gostado. Por mais razão que tivesse o pai enfurecido, ao ter sido violento com a sua prole iria de certeza enfurecê-la, pois quem não sente não é filho de boa gente. E aí a sua reacção natural de progenitora seria a de defender a sua cria índia.
Não estou a dizer que as más criações devem ficar impunes, estou a dizer que têm que ser os educadores a lidar com o assunto. Esses sim têm total legitimidade pra dar os puxões de orelhas que forem necessários.