29 de janeiro de 2008

Serviço Nacional de S... ente-se e Aguarde quatro horas na Sala

O Manel entra nas urgências do hospital às 10:30 da manhã de sábado e dirige-se à triagem.
- De que se queixa?
- Dói-me muito as costas!
Sem levantar os olhos da ficha, a enfermeira prossegue...
- Como se chama?
- Manel!
- Que idade tem?
- 37 anos.
- Vá pagar e aguarde na sala de espera.

O Manel levanta-se e, aparentando menos 50 centímetros de altura do que tem na realidade - tal era a dor que atormentava -, dirige-se à recepção. Entrega o cartão do Serviço Nacional de Saúde, dez euros e um papelinho passado na triagem que o direccionava para a urgência ambulatória.

As pessoas não param de entrar, umas coxas, outras marrecas, todas passam pela triagem e todas são chamadas à urgência ambulatória. Duas horas e meia depois o Manel ainda está no mesmo sítio... No mesmo sítio, que é como quem diz, porque as costas do Manel não o deixam estar muito tempo sentado nem muito tempo em pé e como a posição de deitado não é uma alternativa plausível, lá vai alternando entre a primeira e a segunda com alguns gemidos baixinhos à mistura.

A paciência da Maria esgota-se. Na recepção dizem-lhe para ir à tal salinha da urgência ambulatória e perguntar se ainda falta muito. Bem mandada, lá vai ela. Bate à porta. O médico olha-a com desprezo.
- Desculpe senhor doutor, mas o meu marido já está à espera há bastante tempo e como temos aqui a nossa filha precisamos saber se ainda falta muito.
O olhar do médico pousa sobre a criança que dorme no regaço dela. Sem mudar de expressão, pergunta-lhe o nome do marido e informa-a de que "É o próximo a ser chamado!"

Diagnosticada a dor ciática, o médico depara-se com a ausência "momentânea" da enfermeira e o Manel é reenviado à sala de espera. Às três da tarde lá o chamam novamente para levar as benditas das injecções. "Então homem, ainda cá anda?", pergunta o médico aparentemente incrédulo. "Agora é esperar mais 20 minutos que já o chamo para ver se lhe passou a dor e para lhe prescrever a medicação".

Com efeito, em 20 minutos a dor abrandou. é pena que tenham sido necessárias quatro horas de espera... Se as urgências do Centro de Saúde da área de residência do Manel estivessem abertas talvez tivesse sido mais rápido. Afinal, parece não haver falta de clientela no ambulatório! Mas isto é um suponhamos...

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