4 de fevereiro de 2008

Evolução de gerações tabagistas


Na geração do meu avô e anteriores à dele, os homens fumavam orgulhosamente tabaco de enrolar, cuspiam as ervas que se lhes agarravam à língua e apagavam o cigarro em plena calçada portuguesa... quando não era no soalho da cozinha! As mulheres, essas não tinham a ousadia de fumar e nem sequer levantavam cabelo quando se viam obrigadas a limpar as borras espalhadas pela casa. As crianças olhavam para os adultos com um certo medo a que todos chamavam respeito e os afagos que recebiam durante uma infância inteira contavam-se pelos dedos das mãos.

Na geração do meu pai, os homens continuavam a fumar orgulhosamente um ou dois maços de tabaco por dia. Começaram, então, a apagar os cigarros nos cinzeiros, públicos e privados, e a pensar nas consequências que o vício lhes poderia trazer para a saúde, já gasta de tanto trabalho! As mulheres, por sua vez, conquistaram a liberdade de fumar onde bem entendessem sem serem julgadas pela sociedade! As crianças olhavam para os adultos com respeito e das mãos dos pais recebiam mais carinhos do que palmadas.

Na minha geração, a maior parte dos homens deixou de fumar. Inscreveram-se no ginásio e passaram a frequentar a sauna ao Sábado. As mulheres começaram a ser olhadas de lado por insistirem num vício que, além de fazer mal à saúde, as deixava mal-cheirosas e a saber a cinzeiro de centro comercial! Envergonhado e cabisbaixo, quem não consegue resistir a uns bafinhos esconde-se agora dos filhos para não ser visto naquelas figuras de dependência e com medo que algum organismo do Estado lhe retire os miúdos. Quanto às crianças, com quartos cheios de bonecas e playstations, não sabem bem que sentimento nutrem por aquelas pessoas na casa de quem dormem e com quem almoçam ao fim-de-semana!

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